Economia circular: como criar um mundo onde o lixo não existe?
A existência de uma economia circular é um tema muito discutido atualmente que pode ser entendido de forma simples. Pense nos resíduos que são descartados diariamente na sua casa e que poderiam ser utilizados como insumos para produção de novos produtos no mercado. Pense também que, na natureza, todos os resíduos orgânicos que jogamos fora servem como adubo para a terra e as diversas árvores ao redor. Pensou?
E ECONOMIA CIRCULAR
Assim como você pensou, a principal idéia da economia circular é tirar o conceito de “lixo” que temos já formado em nossa cabeça e substituir por uma visão mais contínua e cíclica de produção, na qual os recursos deixam de ser somente explorados e descartados e passam a ser reaproveitados em um novo ciclo.
O principal motivo pelo qual essa idéia tem tudo a ver com sustentabilidade é que ela se inspira no mecanismo dos próprios ecossistemas naturais. Eles geram os recursos a longo prazo num processo contínuo de reaproveitamento e reciclagem. Dessa forma se une o modelo sustentável com a tecnologia e o comércio global.
Economia circular e logística reversa: o que difere?
A ideia da economia circular anda de mãos dadas com o conceito de logística reversa, já que a base da economia circular seria:
● reuso, por parte do próprio consumidor final;
● remanufatura, a reutilização que consiste nas etapas de desmontagem do produto usado, na limpeza de suas peças, na reparação ou substituição de peças danificadas e em testes de qualidade do produto;
● updating, no caso de produtos eletro-eletrônico;
● remontagem (do produto) que deverá apresentar perfeitas condições;
● reciclagem que em nível industrial é o processo de transformar resíduos ou produtos inúteis e descartáveis em novos materiais ou produtos de maior valor, uso ou qualidade.
A logística reversa, que é um conjunto de meios que leva a coleta e a devolução dos resíduos sólidos ao setor empresarial, está ligada às etapas de remanufatura e reciclagem na economia circular. Ambos esses conceitos estão diretamente ligados à responsabilidade que todos têm pelo ciclo de vida de um produto, para que ele seja reaproveitado em seu ciclo produtivo.
Cada setor envolvido no processo de produção tem um dever na logística reversa. São eles: consumidores devolverem produtos inutilizados em locais específicos; comerciantes instalarem locais para a devolução; indústrias retirarem os produtos e reciclá-los ou reutilizá-los; e governo promover conscientização para consumidores e fiscalizar as etapas.
E onde entra a compensação ambiental?
Para que o processo da formação de uma economia circular seja financeiramente viável é importante considerar a necessidade de custos específicos para cada etapa realizada. Há, então, a compensação ambiental que serve para acrescentar no valor final os custos sociais e ambientais da degradação que o empreendimento gera como um todo. Assim como o crédito de carbono. Ou seja, ela é um mecanismo financeiro para contrabalancear impactos ambientais, de suma importância para a realização da economia circular.
É possível notar que a economia circular não depende apenas das empresas e sim de todos os envolvidos no ciclo de vida de um produto, então, atitudes como a rotulagem ecológica de produtos, disseminação de informações sobre questões ambientais na mídia e cursos oferecidos pelas instituições de ensino são importantes para familiarizar a sociedade com a economia circular. Além disso, é necessário melhorar a eficiência no reaproveitamento de resíduos sólidos e na criação de produtos, aperfeiçoando a composição ou formato que possibilite que o material retorne para a cadeia produtiva.
Circular desde a criação
Um dos meios que podem ser utilizados pela economia circular é a metodologia de design C2C/Cradle to Cradle (do berço ao berço). Ela estabelece a criação de produtos, materiais, componentes e processos industriais por sistemas cíclicos aproveitando ao máximo seu valor. Medidas tomadas para minimizar impactos e reduzir danos através da eficiência de processos produtivos não são mais suficientes para lidar com as questões ambientais atuais, visto que a produção ainda extrai recursos, gerando resíduos (mesmo que em menor quantidade). Então, buscaram-se soluções que tornassem a indústria uma força positiva e não apenas menos destrutiva.
Na abordagem Cradle to Cradle, o processo é saudável e circular, ou seja, os resíduos são introduzidos novamente como nutrientes e, segundo este método, é possível que a natureza, economia e sociedade convivam em harmonia.
Um dos principais fundamentos é ter nutrientes como resíduos. Como isso seria possível? Os materiais e suas propriedades devem ser estudados por meio de um inventário que contém suas respectivas informações, sejam elas saudáveis ou não. Assim, as substâncias não tão benéficas seriam substituídas por outras que sejam positivas. Os produtos a serem usados também devem ser passíveis de se tornarem nutritivos para os metabolismos técnicos e biológicos, tendo um retorno seguro e nutritivo à biosfera. Além disso, outro fundamento importante é a utilização da fonte solar no máximo potencial do sistema Cradle to Cradle, já que é uma energia que entra constantemente e considerada renovável.
Sustentável, inclusivo e acessível
Para alcançar uma economia circular, finalmente, deve-se olhar para o contexto, para a necessidade dos usuários e saber trabalhar o potencial de cada situação, otimizando recursos e resultados. É importante manter os processos sempre inclusivos e acessíveis, além de sustentáveis, tornando-os justos para cada parte da cadeia produtiva.
Fonte: Blog EURECICLO